A importância de conversas reais no trabalho

Adriana Ferrareto - Edição #008

Domingo chegando ao fim, começa a bater aquela angustia, uma vontade de sumir, mudar tudo, trocar de trabalho, quem sabe empreender.

Provoca uma sensação de ansiedade sobre o futuro, receio de que o dinheiro não seja suficiente, a idade progredindo, é o tique-taque do relógio da vida soando como se estivesse batendo em cada lado da cabeça com duas grandes tampas de alumínio, pressionando nossa mente.

Confusão, com falta de ar que eu chamo de fôlego curto, pois a respiração não passa do pescoço para o peito, a pessoa tenta dormir e não pensar que no dia seguinte, que mais se parece um buraco negro, que suga nossa energia.

É a vida dando um chega pra lá nos nossos desejos e chamando para a realidade.

Silêncio profundo, escorre algumas lágrimas, nó na garganta, gosto amargo na boca. Melhor dormir.

Você já se sentiu assim?

Eu já, e vou confessar que um número de vezes tão grande que não consigo mais enumerar.

De alguma forma, essa também pode ser a sua realidade.

Algumas dificuldades que enfrentamos

A verdade é que não há um curso para ensinar a ser adulto, que vai além de apenas pagar boletos.

Da mesma forma, não aprendemos desde cedo a cuidar da nossa saúde e alimentação, a aplicar nossos talentos inatos na vida, ou a escolher uma profissão na juventude que corresponda às nossas paixões e talentos.

O peso de ter de escolher uma faculdade para cursar (como se fosse algo definitivo) é pesado demais.

Não aprendemos a lidar com o dinheiro desde cedo.

Também não falamos sobre cuidar dos pais idosos, em todos os aspectos necessários que caiba o cuidar.

Não aprendemos a cuidar da gente mesmo e ainda assim, nesse caminho errante, tentamos abarcar tudo, cuidar de todos, de um jeito meio atrapalhado, do jeito que dá.

O poder das conversas

Note aqui uma coisa importante, todas essas pontas soltas, levam para um mesmo caminho: não tiveram conosco, conversas a respeito desses assuntos.

Mas não é qualquer conversa. É o tipo de conversa que reverbera no nosso intímo, que acolhe, escuta, não julga, orienta. Conversa que nutre.

É aquele tipo de conversa que vem juntinha com uma história muito legal, com emoção, dá vontade de rir e chorar, toca profundamente.

Conversa que marca, fica o registro, a gente lembra pra sempre.

Não sabemos conversar! Carregamos todos os assuntos do mundo em nossas mentes e não conseguimos falar a respeito. Pode ser porque não tem quem nos ouça de verdade ou temos receio de virar do avesso nossas emoções, e do lado do avesso, somos vulneravelmente todos iguais.

Falo mais sobre essa dificuldade aqui nesse vídeo sobre o Livro O Cavaleiro Preso na Armadura.

Na segunda-feira, cada um pega seu fardo e vai para o trabalho, seja ele presencial ou não.

A realidade inegável é que precisamos colocar arroz e feijão na lata, a vida precisa continuar.

Todos neste ambiente de trabalho, com seus próprios CPFs e problemas, interagem com outros em situações similares.

Esse emaranho de CPF´s, cria um CNPJ, cheio de visão, valores e missão, confuso como um gigante quebra-cabeça a ser montado.

Convivemos com chefes que assim como nós, engrossaram a pele para sobreviver, alguns emocionalmente distantes, outros escondidos atrás dos números e da chamada racionalidade. Que grande bobagem essa de acreditar que somos mais racionais do que emocionais.

conversas durante um treinamento

Será que tem jeito?

Mas será que estamos fadados a trabalhar a vida toda assim desanimados, nos arrastando ou seria possível sentir um quentinho no coração, com vontade de participar de algo maior?

Poderia ser o trabalho um lugar de alguma satisfação, para além apenas de “onde se tira o sutento”?

Acredito que sim. E tudo começa com o líder.

A empresa em que trabalhamos pode até ser boa, mas se o gerente imediato não souber exercer bem seu papel, quase 70% das pessoas que trabalham com ele, irão apenas fazer o que deve ser feito (isso no melhor dos casos), nem uma vírgula a mais, contando os minutos no relógio para ir embora.

Sem dizer daqueles que nem conseguirão sair da cama para ir para o trabalho, ou adoecem com frequência.

Mas o lider tem todo esse poder de arruinar um time?

SIm, e o impacto é tão grande que de cada 10 funcionários, 7 estarão nessas condições tão esmagadoras.

Isso é um alerta para todos nós. Para o líder representa a necessidade de aprender a gerir as pessoas de maneira mais humanística e vamos falar mais a respeito disso na sequência.

Para os funcionários, representa um peso enorme trabalhar com chefes assim.

E para a empresa, que está trabalhando a míseros 30% do seu potencial apenas, visto que 70% dos seus funcionários, podem estar apenas trabalhando no modo “sobrevivência”.

Lembra que mencionei sobre não termos conversas significativas? Essa é uma virada de chave.

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