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O que uma semente com asas tem a ver com seus talentos?
O que uma semente com asas tem a ver com seus talentos?
Adriana Ferrareto - Edição #002
Estava passeando pelo Museu de História Natural e de repente me vi diante de um recorte do tronco de uma sequoia (uma das maiores árvores do mundo).
Fiquei muito feliz, pois amo àrvores e a sequoia em especial, por ser tão majestosa.
Na parede estava pendurada a circunferência do tronco, de tal maneira que era possível ver os círculos, que são os anéis de crescimento.
As marcações no tronco, indicam as fases de crescimento desta sequoia
Esses anéis são marcas concêntricas que representam o crescimento da árvore ao longo dos anos.
Cada anel indica um ano de crescimento da árvore, permitindo que os cientistas identifiquem a idade da árvore e também forneçam condições ambientais do passado.
“essas gigantes podem viver mais de três mil anos, seus troncos chegam a ter o diâmetro equivalente ao comprimento de dois carros e seus galhos atingem quase noventa metros de altura.”
A semente
O que eu não sabia era sobre o tamanho da semente da sequoia, é menor que a metade da unha do seu dedo mindinho, de 3 a 4 milímetros de comprimento, bem pequena.
Mas a beleza disso é que a pequena semente tem suas estratégias para chegar longe, elas tem 2 asas com 1 milímetro cada.
A foto que tirei ficou ruim, mas foi o que consegui registrar da semente da sequoia.
A partir daí sei bem pouco sobre a reprodução e todo o restante da vida da sequoia e de outras árvores.
Mas o que me chamou a atenção, foi entender que uma semente tão pequenina com asas, tem todo o potencial de se tornar uma sequoia lindona e gigante.
A depender das condições de solo e outras circunstâncias que desconheço, a semente pode ou não “vingar”.
A semente consegue voar longe com suas minusculas asas, mas precisa de condições ideais para se reproduzir. Não basta ter o potencial de ser sequoia, precisa de um sistema que permita o potencial da semente brotar.
E nesse quesito, de potencial, é bem parecido conosco.
Nascemos com bilhões de neurônios e algumas sinapses se fortalecem mais do que outras (os neurocientistas que me leem aqui saberão explicar melhor).
Ocorre que essas sinapses que se formam dizem muito sobre nossos potencias talentos, segundo o Instituto Gallup que fez a pesquisa com milhões de pessoas.
Os talentos são um padrão natural de pensamento, sentimento ou comportamento que pode ser aplicado de maneira produtiva. Isso é o que somos. O potencial que temos.
Aqui nesse vídeo você a explicação da Gallup sobre talentos:
Semelhante à semente da sequoia com asas que têm o potencial de se transformar em uma grande árvore, nós nascemos com sinapses (talentos bem específicos) que têm o potencial de se tornarem pontos fortes em nossas vidas.
Como comentei, para a semente se reproduzir precisa de certas condições; do contrário, morre semente e nunca chegará a ser árvore.
Portanto, fica a pergunta, se compararmos as sementes aos talentos naturais que nascemos com eles, podem ser “desperdiçados”, por assim dizer, se não fizermos algo intencional com eles?
A reposta é sim, pois não basta termos o talento natural.
Para transformá-lo em Ponto Forte, o que é feito com esse talento, ou as condições em seu entorno, também importam muito.
Quem eu sou (potencial que tenho) x o que faço com isso (ação).
E a escola tem um grande papel nessa história, ela pode tanto elevar nosso potencial a um ponto forte como matar nossa criatividade.
Supondo que uma criança tem excelente desempenho (talentos) em artes ou comunicação, com uma inteligência relacional fantástica, tira notas altas nessas áreas, faz com facilidade o que é proposto e ainda se supera, com um talento admirável.
Se essa mesma criança tira uma nota vermelha em matemática ou química, por exemplo, toda a atenção será focada na melhoria dessas notas.
Não estou dizendo aqui que não devemos melhorar as notas. Minha consideração é a ênfase que se dá aos pontos fracos, praticamente sufocando aquilo que é natural (talento).
O que conseguimos com isso é apenas focar toda energia em algo em que não somos tão bons. Aí não sobra recurso emocional e criativo para fazer aquilo em que somos excelentes.
O resultado? Nos tornamos apenas medianos. Lembra da semente? Se não tiver condições adequadas, ela perde todo o seu potencial.
Nascemos criativos.
Quando crianças temos uma confiança imensa em nossa própria imaginação. Para ilustrar isso, vou contar aqui uma história que li no livro do Ken Robinson: O elemento-Chave
"Uma professora do ensino fundamental estava dando aula de desenho para um grupo de crianças de seis anos.
Uma menininha que não costumava prestar muita atenção aos estudos estava sentada no fundo da sala.
Da aula de desenho, porém, ela gostava. Por mais de vinte minutos a menina permaneceu sentada, com os braços sobre o papel, completamente absorta no que fazia.
A professora ficou intrigada e, depois de um tempo, perguntou à aluna o que estava desenhando.
Sem olhar para cima, a menina respondeu: "Estou desenhando um retrato de Deus." Surpresa, a professora contestou: "Mas ninguém sabe como Deus é."
"Vão saber assim que eu terminar", respondeu à menina.
O autor continua fazendo sua análise sobre como a maioria das pessoas perde essa confiança à medida que crescem.
Segundo Ken, "Entre em uma classe da pré-escola, pergunte quem é criativo, e todas as crianças levantarão a mão.
Faça a mesma pergunta para uma classe do último ano do ensino médio e verá que a maioria dos alunos não se manifestará".
E por conta do tipo de educação que recebemos, perdemos o contato com essa capacidade de usar nossos talentos natos.
O resultado disso é um número exorbitante de pessoas que jamais entra em sintonia com os verdadeiros talentos. Olha aí a semente com asas desperdiçada.
E por isso não sabem o que, de fato, podem realizar, inclusive em suas carreiras. Nesse sentido, as pessoas não sabem quem realmente são.
O pior é que esse padrão se estende para a vida adulta. Vamos sendo moldados aqui e acolá, um pouco agora, mais um pouquinho depois e voilà: conseguimos nos enquadrar no padrão do que as pessoas consideram normal a ser feito.
Mas quero aqui ressaltar que muito disso ocorre com os professores, sistemas educacionais e com os pais, por pura falta de conhecimento do que de fato são os talentos.
Não entendem como funcionam sua estrutura no cérebro e como podem transformar talentos em Pontos Fortes.
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