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As estradas pavimentadas em sua mente
Adriana Ferrareto - Edição #006
A manifestação da liberdade começa na mente, quando escolhemos formas libertadoras de pensar.
Ofereço a você uma metáfora capaz de facilitar o processo de quebra de ideias ou conceitos cristalizados.
Imagine a estrada que você mais gosta de dirigir, a que você prefere para ir a determinado lugar. Apesar de ter outras possibilidades, você escolheu essa estrada por alguns motivos.
Ela parece um tapete, sem buracos. É bem sinalizada e, apesar das curvas, é segura. A vista é linda e ainda por cima você chega em pouco tempo ao destino desejado.
Mas tem um porém: o pedágio é muito, muito caro.
Agora que já pensou na estrada que você mais ama, quero que procure um lugar seguro nessa estrada para estacionar seu carro.
Sim, você vai deixá-lo em algum lugar, bem guardado e ao descer do carro, notará que no chão, bem do lado, tem um facão. Ele agora é seu.
Olhe para o lado direito da estrada e veja um matagal enorme, alto, de perder de vista.
Sua missão agora é de se embrenhar nesse mato para abrir uma nova estrada, um novo caminho.
Os desafios são vários. É muito difícil porque você provavelmente nunca cortou mato e abriu caminho com um facão.
É mato demais e o trabalho é enorme, a distância a percorrer é longa, exigindo muita perseverança.
Quando estiver pra lá da metade do caminho, exausto, vai perceber que o mato do início já começou a crescer.
Você vai se questionar o motivo de tanto trabalho para abrir uma estrada, se já tem uma ali do lado, pavimentada e toda arrumadinha!
Você vai querer desistir. Vai sentir medo do desconhecido.
Mas a vantagem de tudo isso é que esse novo caminho, aberto por você, além de não cobrar pedágio, vai conduzir você para uma liberdade sem proporções.
Estradas em nossa mente
Esse cenário que desenhei para você serve para entender como funciona nossa mente.
Imagine que aprendemos a pensar de certa forma sobre vários assuntos.
Lemos coisas a respeito, ouvimos pessoas falarem nas igrejas, nas escolas, na própria família, tudo do mesmo jeito - crença empilhada sobre crença.
De tanto ouvir, você pavimenta uma "estrada" na sua mente.
As sinapses são construídas. Isso fica forte o suficiente que, quando uma pessoa ou evento traz um assunto à tona, sua mente acessa esse caminho mais fácil para uma resposta ou conclusão.
Dessa forma, seu cérebro economiza energia e tem acesso mais rápido às informações.
O problema é que o fato de uma "estrada-sinapse" estar construída e fortalecida em nossa mente, não significa que esse tipo de pensamento que você tem é o melhor.
É preciso entender como a mente funciona
Jonathan Haidt é um psicologo social norte-americano, declarado como um dos melhores pensadores globais, autor de quase 100 artigos acadêmicos, além de vários livros, suas pesquisas passam por temas como julgamento moral, polarização e populismo, psicologia positiva e diversidade de pontos de vista.
Um livro em especial que quero citar é A mente moralista. Haidt diz que somos péssimos em encontrar evidências que desafiem nossas crenças, mas outras pessoas nos fazem esse favor, assim como somos ótimos em encontrar erros nas crenças alheias.
Isso explica porque procuramos manter um “padrão” de pensamento e evitamos nos abrir para o novo. A busca por desenvolvimento pessoa dá trabalho, semelhante abrir uma trilha no meio do mato.
Sobre questões morais por exemplo, “o principal jeito de mudarmos de ideia, é interagir com outras pessoas”.
Mas ele faz um lembrete muito interessante: “quando as discussões são hostis, as chances de mudar de ideia são mínimas.
Se desejar aprofundar seu entendimento sobre o funcionamento da mente e nossa forma de “acreditar” nas coisas, vale a leitura desse livro.
Dá para desfazer uma crença ruim cristalizada?
Posso citar um exemplo meu aqui das sete (7) vezes que fui assaltada em São Paulo e de quando passei por um sequestro.
Cada um desses eventos geraram um medo absurdo. Cheguei a ter crises de pânico, tamanha a minha dificuldade em lidar com essa “pavimentada estrada”.
O esquema funciona da seguinte maneira:
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