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Check-up Profissional: Identificar e Superar Barreiras Invisíveis
Adriana Ferrareto - Edição #004
Minha descoberta pessoal
Já aconteceu com você de sentir uma dor aqui, outra acolá e foi deixando para depois, tomou um analgésico por conta e seguiu a vida?
Com o passar do tempo, mais sintomas apareceram, mas ir ao médico e fazer um check-up toma tempo, é chato, então você resolve deixar isso para depois.
Eu faço um mini check-up todos os anos, cardiologista, endócrino, oftalmo, dentista, ginecologista, o que já é coisa para caramba.
Estou com 53 anos meus queridos; as coisas já começam a ficar diferentes por aqui, tenho de dizer a verdade. Por isso essa rotina médica.
Percebi entretanto, um comportamento esquisito da minha parte.
Há tempos venho sentindo inchaço nas pernas, desconforto, dores, queimação e outras coisas.
Todavia apesar de ter mencionado isso para os médicos que costumo frequentar ao longo do ano, não foi dada muita importância para o tema, nem da minha parte, nem deles.
Se isso me incomodava, por que não fui mais assertiva ao comunicar meus sintomas aos especialistas?
A resposta que eu cheguei é constrangedora para mim, mas percebi que estou “acostumada” a sentir dor e, um probleminha a mais, como esse das pernas, foi negligenciado por mim.
Você pode até dizer: “mas eram os médicos que deviam ter dito algo para você”.
Concordo. Mas faço aqui mea-culpa. Quando algo nos incomoda, precisamos aprender a expressar isso com a clareza necessária, até que alguém entenda de fato que você precisa de ajuda.
Não pode ser um sussurro, do tipo, no meio da consulta largo uma frase: “sabe, tenho tido desconforto nas minhas pernas”, uma frase solta no meio de um monte de outros assuntos que estamos tratando.
Resolvi tomar uma atitude
Fui à consulta com minha ginecologista. Depois de tudo acertado, quase no final, eu disse: "Estou com grande desconforto nas pernas".
Relatei a situação detalhadamente e pedi orientação sobre qual especialista procurar ou o que fazer. Não quero mais continuar assim.
Parece que falei a palavra mágica, uma senha que abre um portal.
Fui clara o suficiente, portanto a profissional também foi e me indicou uma médica vascular.
Já com a especialista e todo o check-up feito por ela, detectamos os problemas reais.
Soluções: medicamentos orais, meia de compressão para varizes e daqui a seis meses uma pequena cirurgia.
Mas ai apareceu um mecanismo estranho de achar desculpas.
Comecei a pensar: “comprimidos ok, eu tomo sem problemas, cirurgia daqui seis meses, talvez eu nem precise fazer, vai que com o remédio tudo melhora".
Quanto a meia de compressão nem pensar!
está muito calor para eu usar essas meias;
é feio demais, a canela fica parecendo perna de boneca velha de plástico, (eu tinha uma boneca assim na infância e lembro bem como era feia);
é ruim de vestir, porque é apertada;
seis meses usando meia de compressão é muita coisa.
Então resolvi pensar no desconforto e a quanto tempo eu estou reclamando disso. Estava na hora de sair desse lugar de “acostumada com o desconforto” para um lugar “vou procurar a solução e aplicá-la”.
Fui comprar a tal da meia, feia que dói, mas:
superada a dificuldade inicial de vesti-la, na hora senti um pequeno alívio
algumas horas depois, parecia que eu não tinha pernas, calma que não era amortecimento, era leveza, finalmente!
dias depois usando a meia, comecei até a dormir melhor.
meus dias de trabalho (fico ou bastante tempo sentada atendendo on-line, ou muitas horas em pé ministrando treinamentos presenciais) já eram melhores, pois a meia ajuda com a circulação.
Estou amando a sensação que ela está me proporcionando.
Os benefícios tem sido bem maiores que os obstáculos que mencionei (e que são reais).
Como encara os problemas?
Essa news não é sobre meias de compressão e varizes
É sobre o processo de autoexame e descobertas sobre sua carreira.
Pensa comigo: trabalhamos anos a fio, durante os quais coisas boas e ruins acontecem. Com o tempo, acostumamo-nos a certos desconfortos, dizendo: "é assim mesmo", "não há nada que eu possa fazer", "isso é mi-mi-mi".
Apenas para citar algumas coisas que podem estar te incomodando há algum tempo e você se “acostumou” com isso:
o relacionamento com seu chefe é desgastante emocionalmente;
você gosta de ser estratégico mas não tem espaço para pensar e opninar, apenas executar;
você é muito bom(a) em analisar dados, aprofundar em busca de soluções, mas não tem acesso aos números e é cobrado a tomar decisões “no escuro” a maior parte do tempo;
você gosta de dar ideias e apontar soluções quando está em reuniões, mas em geral, as pessoas envolvidas nada fazem, e os problemas continuam os mesmos, reuniões após reuniões;
é muito bom em se comunicar e estabelecer relacionamentos com as pessoas, mas passa a maior parte do dia atrás de planilhas;
gasta horas do seu dia no trânsito indo e voltando do seu trabalho;
não tem tempo para desenvolver seu time, afinal seu trabalho tem sido “apagar incêndios”;
tem dificuldade para expressar o que sente com assertividade: ou fica quieto(a) e deixa passar, ou explode em emoções, de forma dramática e pouco estratégica;
sem perceber entra constantemente em um dos três papéis no triângulo do drama (papel da vítima /perseguidor / protetor), onde um culpa, outro se defende e alguém tenta proteger;
gostaria de ter mais conversas “produtivas” com seu time e seus superiores ou pares, mas não sabe por onde começar;
não tem bem certeza se deseja ser um líder para ganhar mais ou se continua como especialista, onde é mais confortável e produtivo;
é lider há muito tempo, já chegou onde queria e agora não tem clareza dos próximos passos.
Mas existe um momento que você precisa parar e se perguntar: “quanto esse assunto específico me incomoda? Quero olhar com mais atenção para o tema?”
Se for o caso, é hora do check-up na carreira. Colocar um holofote no assunto e examinar o que precisa para tomar decisões assertivas depois.
Lembra que no começo do texto mencionei com alguns médicos o meu desconforto, mas que não dei tanta ênfase?
Você pode estar fazendo o mesmo com sua carreira.
Até sente um desconforto com algumas coisas que citei acima, ou outras tantas. Buscou ler alguns livros, fez cursos, falou com seu chefe, talvez tenha conversado com o RH, mas tudo muito de leve, sem a clareza e aprofundamento necessários.
A consequência de agirmos assim pode ser danosa.
Se está incomadando mesmo, precisa ir mais a fundo no assunto.
Hora do check-up na sua carreira
Vamos começar pelos seus valores pessoais. Não desista agora, no meio da nossa conversa.
Não faça como eu fiz em relação à meia de compressão, achei mil obstáculos para não usá-la.
Nesse momento, você vai começar a se dar inúmeras desculpas para não avançar com o diagnóstico, mas isso é só seu cérebro querendo economizar energia e ir pelo caminho conhecido.
Não se deixe levar por essa tendência.
Siga comigo - vou segurar sua mão.
Roda da Vida
Valores pessoais
Quando falo de valores pessoais, quero que você pense no que importa nessa fase da vida que você está.
Quando somos mais jovens, topamos qualquer parada, temos energia de sobra e muito tempo pela frente.
Queremos nos estabelecer, ganhar dinheiro, alguns almejam poder e sucesso.
Por conta disso, nos submetemos a muitas coisas. Engolimos um montão de sapos. Afirmo que, às vezes, engolimos um pântano inteiro.
Autoavaliar-se é preciso
Nessa fase atual em que você se encontra, questione:
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