Além do Currículo: O Que as Empresas Estão Perdendo

Adriana Ferrareto - Edição #014

Esta é a sua newsletter semanal, enviada geralmente aos domingos, trazendo reflexões, provocações e descobertas sobre o desenvolvimento pessoal e profissional. Um espaço dedicado a quem busca explorar e maximizar seus talentos, transformando a maneira como vive e trabalha. Seja bem-vinda(o) a um momento de pausa e inspiração.

O mundo do trabalho está repleto de talentos inexplorados. A mais recente Pesquisa Global Workforce Hopes and Fears da PwC revela um cenário preocupante: mais de um terço dos trabalhadores afirma possuir habilidades que não se refletem em suas qualificações ou cargos.

Então, por que as empresas estão falhando em identificar e utilizar esse potencial?

Há um desencontro evidente entre o desejo dos funcionários de expandir seus talentos e a incapacidade das organizações de oferecer espaço para isso.

A questão é: como mudar esse cenário e criar um ambiente onde esses talentos possam ser descobertos e realmente aproveitados?

Vamos explorar isso juntos.

A Lacuna Entre Currículo e Talentos

A pesquisa da PwC aponta uma falha crítica nas práticas de contratação e gestão de talentos: um foco obsessivo no que está escrito no currículo.

Veja bem, estamos falando de um modelo de contratação ultrapassado, que valoriza a experiência formal e as qualificações em detrimento do verdadeiro potencial.

Apenas 22% dos trabalhadores acreditam que suas empresas utilizam suas habilidades de maneira eficaz.

Se isso não acende um alerta vermelho, o que mais poderia?

Empresas contratam com base em uma lista de requisitos, mas raramente olham além do papel para identificar os talentos que não se encaixam em uma descrição de cargo tradicional.

E não pense que a responsabilidade é apenas das organizações.

Profissionais também têm sua parcela de responsabilidade nisso. Muitas vezes, escondem seus talentos por medo de parecerem arrogantes ou fora do padrão.

Estão tão presos à ideia de que apenas habilidades formalmente reconhecidas têm valor que acabam se encaixando em moldes que não refletem quem realmente são.

Então, temos aqui um ciclo vicioso: empresas que não sabem como "pescar" os talentos e profissionais que não sabem como apresentá-los. Resultado? Potencial desperdiçado.

As Empresas Precisam Repensar o Uso dos Talentos

Se você é líder ou faz parte de uma equipe de RH, é hora de encarar a realidade: o problema não é a falta de talentos, mas sim a falta de visão para reconhecê-los.

A PwC sugere a necessidade de uma mudança de mentalidade.

É hora de montar squads baseados nas habilidades reais das pessoas, e não em qualificações que aparecem em um documento.

Isso requer coragem para sair do tradicional e criar espaços onde os talentos possam ser descobertos e aplicados de maneira dinâmica.

Mas vamos ser francos: a maioria das empresas ainda está presa a uma abordagem estática.

Elas encaixam funcionários em descrições de cargo rígidas e esperam que se limitem às tarefas pré-definidas e paradoxalmente esperam que sejam criativos.

Se você está fazendo isso, está desperdiçando o que cada pessoa pode trazer de único.

Para criar times verdadeiramente eficazes, é necessário quebrar essas barreiras e adotar uma cultura de experimentação e descoberta.

Dê espaço para que seus funcionários mostrem do que são capazes, além do óbvio.

A Dificuldade de "Pescar" os Talentos

Muitas organizações simplesmente não sabem como identificar talentos ocultos.

Estamos tão acostumados a olhar para métricas tradicionais de desempenho que deixamos escapar o verdadeiro potencial das pessoas.

É confortável seguir um modelo que prioriza tarefas conhecidas e mensuráveis, mas é exatamente essa zona de conforto que limita o crescimento.

Vamos ser diretos: sua empresa é um ambiente que encoraja a expressão de talentos fora da caixa? Ou é um espaço onde as pessoas sentem que precisam se encaixar para serem aceitas?

Se a resposta é a segunda, você está sufocando a criatividade e a inovação.

É preciso ir além das avaliações de desempenho padronizadas e criar processos que permitam uma exploração real dos talentos individuais.

Mas isso não se faz da noite para o dia. É um compromisso contínuo com a construção de uma cultura mais inclusiva e aberta.

“Juntas, essas estatísticas mostram o quão crítico é para as empresas criar amplas oportunidades para todos os funcionários desenvolverem habilidades no trabalho e garantir que os líderes estejam fornecendo orientação e mentoria sobre quais tipos de habilidades os funcionários precisam desenvolver. Também é importante criar uma cultura de aprendizado, onde criar tempo para aprender no trabalho seja parte do DNA da organização”.

PWC

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